O Raízes Instituto possui um núcleo muito focado no trabalho de Constelações Sistêmicas, que realiza Workshop, Cursos e Grupos de Estudos sobre as Constelações Sistêmicas Familiares e Organizacionais.
A coordenação deste trabalho é feita por 3 profissionais: Maria Inês Araújo Garcia Silva, Sonia Farias e Paulo Pimont, com o apoio de todo o corpo docente do Instituto.
A Equipe de docentes do Raízes estuda as obras significativas de Bert Hellinger a fim de compartilhar com seus alunos as percepções alcançadas por ele, bem como outros autores brilhantes que trabalham sob a abordagem sistêmica. Agora foi a vez de estudarmos “A Cura”, livro de Bert Hellinger, lançado no Brasil em 2014 pela Editora Atman.
O livro fala sobre as possibilidades de tornar-se e permanecer saudável. Traz comentários de Hellinger sobre aspectos relacionados à saúde do corpo e também da alma, abordando desde assuntos como a alimentação e cuidados com o corpo físico, assim como com a alma da pessoa que apresenta um sintoma da doença.
Ele discorre sobre as Leis que regem os relacionamentos humanos e fala sobre o que pode vir a ocorrer quando estas leis são feridas, algo que nós, consteladores, já conhecemos um pouco através de nossas experiências com as Constelações Familiares.
Veja o que diz o editor, sobre a obra:
“Para onde olhamos primeiro quando precisamos da cura? Olhamos primeiro para nosso corpo. É no corpo, acima de tudo, que buscamos o alívio.
Além do nosso corpo, nossa alma e nossos sentimentos também desempenham um papel importante na cura. Também devem ser tratados de uma boa maneira.
Muitas vezes, sentimos a dor na alma de forma ainda mais intensa que as dores corporais. A quem obedece a nossa alma? De onde obtém a fé na cura do corpo? Ela a obtém do amor. De um amor muito além do amor que nos adoece, primeiro na alma e depois no corpo.
Este é um livro que leva a um movimento de cura pessoal. É um livro que traz esperança. Aqui, a cura segue o mesmo caminho da doença: ela começa no nosso íntimo e passa para o corpo. “
Nascido na Alemanha em 1925, Hellinger formou-se em Filosofia, Teologia e Pedagogia. Como sacerdote católico viveu e trabalhou durante 16 anos como missionário na África do Sul, junto à comunidade dos Zulus. Após deixar a ordem religiosa, dedicou-se a uma formação terapêutica diversificada que abrange desde a psicanálise até a terapia familiar, incluindo a terapia Primal, a Gestalt, a Análise Transacional e a Hipnoterapia.
Sua contribuição mais original é o seu modelo de Constelações Familiares, baseado numa visão integral e profunda da realidade humana. A partir das Constelações Familiares ampliou-se seu método de trabalho, com a colaboração de outros profissionais, para outros sistemas, e assim nasceram as Constelações Organizacionais e a Pedagogia Sistêmica. O conjunto de todos os tipos de Constelações advindas do modelo criado por Hellinger passou a ser chamado de “Constelações Sistêmicas”.
O Olhar das Constelações Familiares para as Doenças
A história de nossa família nos pertence. Estamos a ela vinculados, ela é uma parte de nós e marca a nossa personalidade, com todas as forças e fraquezas que temos.
Stephan Hausner, médico e Constelador alemão, que viaja pelo mundo realizando workshops terapêuticos com pessoas doentes e utiliza o método criado por Hellinger, é categórico quando afirma em seu livro Constelações Familiares e o Caminho da Cura:
“Nossa vida e nossa felicidade são marcadas pela atitude que adotamos diante de nossos pais e da história da nossa família. Quando nos defendemos ou nos recusamos a reconhecer o que nos pertence, muitas vezes somos lembrados, por uma doença ou um sintoma, daquilo que excluímos”.
De que ou de quem uma doença pode querer nos lembrar?
Certos sintomas e doenças são associados a diversos acontecimentos e condições que provocaram nos pacientes a perda da vinculação com a família ou a insegurança quanto a essa vinculação, ou ainda a dinâmicas de culpa ou de destinos trágicos na família.
Desenvolvemos muitas doenças e sintomas pelo anseio de proximidade com nossos pais, pela necessidade de pertencer à nossa família. São movimentos inconscientes que denunciam o que Bert Hellinger sempre dizia: “Somos muito mais leais que livres”. Muitas vezes atua aí uma necessidade inconsciente de compensação, quando no sistema há ou houve algo que precisa ser reparado. Nos sentimos culpados sem saber exatamente porquê. Por vezes exibimos uma pretensa reivindicação, como se algo nos faltasse. A doença nos obriga a uma parada a fim de identificarmos onde e quando infringimos uma ordem com nossa atitude ou nosso comportamento.
As experiências e vivências traumáticas nas famílias marcam a todos os seus membros através de gerações e provocam consequências, muitas vezes nefastas, que em uma tentativa de reparação e expiação busca incluir o que ficou irresoluto. Contudo, o que muitas vezes é sentido como um peso e dificuldade abriga em seu seio uma força especial, quando se incluem e se aceita o destino dos que vieram antes tal qual foi, com todas as consequências.
O Constelador, O Médico e o Paciente
A Constelação Familiar como um método de aconselhamento e terapia desenvolveu-se e expandiu-se, no decurso dos últimos 25 anos, em muitas áreas profissionais.
As Constelações com doentes ampliam as possibilidades de uma ação ainda mais salutar no domínio da medicina. A consideração de envolvimentos sistêmicos e transgeracionais, conectados às dinâmicas familiares, projetam uma nova luz sobre a saúde e a doença. As percepções obtidas nas Constelações sobre doenças e sintomas possibilitam a ampliação dos caminhos de resolução, agregando eficiência ao trabalho do médico ou terapeuta, jamais buscando substituir os seus métodos de tratamento e aconselhamento. Contudo, principalmente quando procedimentos usualmente eficazes não proporcionam o resultado desejado ou esperado, olhar para o quadro de fundo multigeracional da família abre possibilidades adicionais para a cura.
Poucos são os pacientes que conseguem inicialmente perceber uma relação entre sua doença e sua família, ou reconhecer a influência que eles próprios exercem sobre sua doença. Nesse particular, as Constelações fornecem-lhes importantes pontos de apoio.
Sobre isto Bert Hellinger, o criador deste novo método de terapia breve, afirma de forma muito direta, apontando inclusive um caminho para o início do movimento da cura:
“Tudo aquilo de que me lamento ou queixo, quero excluir. Tudo aquilo a que aponto um dedo acusador, quero excluir. A toda a pessoa que desperte a minha dor, estou a excluí-la. Em cada situação em que me sinta culpado, estou a excluí-la. E desta forma vou ficando cada vez mais empobrecido.
O caminho inverso seria: a tudo de que me queixo, fito e digo: sim, assim aconteceu e integro-o em mim, com todo o desafio que para mim isso representa. E afirmo: irei fazer algo com o que me aconteceu. Seja o que for que me tenha acontecido, tomo-o como uma fonte de força. É surpreendente o efeito que se pode observar neste âmbito”.
Nós temos tudo o que precisamos
Para Hellinger, nossa vida e nossa felicidade são marcadas pela atitude que adotamos diante de nossos pais e da história de nossa família. Segundo ele, quem se sente em sintonia com sua família pode assumir sua vida em plenitude e mais adiante, talvez, transmiti-la.