As 3 leis de Bert Hellinger: Lei do Equilíbrio

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Nessa série especial de três textos, estamos abordando as Leis Sistêmicas de Bert Hellinger. Você pode ler aqui o primeiro texto da série, sobre a “Lei do Pertencimento”

No artigo de hoje vamos falar sobre a Lei do Equilíbrio entre Dar e Tomar.

Sobre o Equilíbrio na visão da Constelação Familiar

Hellinger atribui a busca pelo equilíbrio como uma das maiores forças capazes de manter nossos relacionamentos vivos.

Mas o que seria este equilíbrio? Como ele funciona? Existe algo que se aplica a todas as relações? Sobre o que seria o “ponto de equilíbrio” nas trocas? O que é correto?

São muitas as perguntas que este tema nos traz, e mesmo que nossa dúvida inicial seja grande, é possível perceber claramente dentro de nós os efeitos de quando essa lei é desrespeitada mesmo sem intenção e de forma inconscientemente.

Alguns exemplos

Uma forma fácil de perceber como essa lei atua nos nossos relacionamentos é lembrar de quando vivenciamos isto com alguma pessoa que consideramos “egoísta”. Lembramos o quanto ela exige de nós sem oferecer algo em troca, e, como consequência, geralmente o nosso movimento é de nos afastar de pessoas assim.

Um exemplo bem comum

Uma forma fácil de perceber como essa lei atua nos nossos relacionamentos é lembrar de quando vivenciamos isso com alguma pessoa que consideramos “egoísta”. 

Lembramos o quanto ela exige de nós sem oferecer algo em troca, e como consequência, geralmente o nosso movimento é de nos afastarmos de pessoas assim.

Esse é um exemplo fácil de compreender.

Porém, o conhecimento de Hellinger nos põe em contato com algo mais profundo, algo que desafia o nosso pensamento comum.

Uma das descrições de insucesso nos relacionamentos descritos por Hellinger é justamente o contrário do que foi exposto acima: pessoas que dão demais geralmente afastam seus relacionamentos.

Egoísmo x Generosidade

Essa dinâmica de afastamento acontece porque porque os “generosos” são bons em dar algo, porém falham quando o caminho é inverso, ao não permitir que aqueles que receberam sua generosidade deem algo de volta.

Comumente, por terem dificuldade em receber, essas pessoas “generosas” não permitem que aconteça um movimento de equivalência entre o “dar” e o “receber” para que a relação se aproxime de um equilíbrio.

E desequilibrada, uma relação tende ao fim.

O caminho do equilíbrio está em ver no outro um adulto capaz de retornar o que recebe e, de bom grado, receber o que for possível. Nem tanto ao céu, nem tanto ao inferno.

Cada vez que há uma tentativa de compensar algo em equilíbrio dentro de qualquer relacionamento, surge o caminho para uma relação duradoura. Com essa postura as pessoas envolvidas estão verdadeiramente trabalhando pelo sucesso do relacionamento.

Da mesma forma, quando aquele que dá permite que algo retorne, aceitando a compensação, ele também está em seu centro desejando que o relacionamento siga adiante.

Existe equilíbrio perfeito?

O que escrevemos sobre o equilíbrio é uma dinâmica que observamos no campo das Constelações.

O equilíbrio perfeito não existe, nada movimenta. O que permite que a vida e os relacionamentos se desenvolvam é a busca pelo equilíbrio, não o equilíbrio em si. 

Cada vez que chegamos perto do equilíbrio, dando um pouco a mais ou um pouco a menos, permitimos que o sistema se organize para tentar compensar esse pequeno saldo. E assim o movimento persiste, levando adiante as relações.

A vida acontece nesse desequilíbrio que busca o balanço certo, sem o encontrar completamente. Sempre próximo desse resultado, sempre olhando para ele como objetivo, mas também lidando com a imperfeição.

Embora não haja um equilíbrio perfeito – e que bom que assim o é – a busca por alcançá-lo faz com que os relacionamentos possam crescer e prosperar, bem como potencializa o desenvolvimento individual dos envolvidos.

É essa imperfeição que nos permite seguir adiante, em um movimento que leva para o mais: mais alegria, mais amor, mais partilha. Quando um de cada vez segue oferecendo um pouquinho a mais do que recebe, a “dança” do equilíbrio que nos leva para o bem-viver acontece.

Um caso especial: Pais e filhos

Há algo importante a ser dito sobre o equilíbrio entre pais e filhos.

Neste relacionamento o equilíbrio não se faz pela equivalência para se obter compensação.

Pais, como seres grandes que são, dão. E filhos, como pequenos, recebem. Porém, algumas vezes essas dinâmicas se alteram por necessidade dos pais, ou mesmo por arrogância dos filhos.

Há uma imagem aqui essencial para se ver: pais deram a vida aos filhos. E isso é algo que não se pode compensar, pelo menos não com os pais.

Os filhos sentem o peso do desequilíbrio, e muitas vezes esta é a força que os impulsionam para fora de casa, no movimento de fazer algo com o que receberam de seus pais.

Isso porque a compensação entre pais e filhos acontece no fluxo de seguir adiante. Pais se sentem recompensados quando veem os filhos fazendo algo de bom com a vida que receberam. E um dia, esses filhos serão pais, e repassarão para eles o que receberam ou, quando não têm filhos, repassam isso através do trabalho e da contribuição que realizam através do que fazem em suas vidas. E assim a vida segue adiante.

Filhos que buscam recompensar seus pais diretamente, de qualquer forma que seja, acabam por sair do trilho da própria vida e experimentam a dificuldade pela desordem (lei da ordem) que isso traz.

Isso não significa que filhos não possam dar algo para os pais. Mas há uma postura interna adequada para isso, e ela não envolve o sentimento da compensação. Quando dá certo, geralmente é uma postura movida pelo movimento de gratidão pelo que foi recebido e reconhecimento da grandeza dos pais.

Cada relacionamento é único

O desafio é que não existe um ponto de equilíbrio concreto. Cada relacionamento tem um balanço que inclui tudo que faz parte das trocas realizadas nele.

Uma boa dica é perceber se há tensionamento no relacionamento, se há uma busca de proximidade no que “eu dou” e no que “eu recebo”. E se não houver, procurar um caminho para equilibrar melhor as relações.

Relacionamentos exigem reciprocidade e essa reciprocidade exige equivalência. É essa busca pelo equilíbrio, ainda que imperfeito, que permite os relacionamentos prosperarem e seguirem adiante. Na busca pelo equilíbrio as relações encontram um caminho para existir, crescer e somar.