A humanidade sempre buscou uma compreensão mais ampla de si mesmo. Isso remete desde os antigos filósofos e se perpetua até os dias atuais, mas o autoconhecimento na prática é um longo caminho que precisa ser percorrido.
Por sermos seres complexos e interrelacionados, é comum sermos permeados por questionamentos infindáveis: sobre nossas relações familiares, amorosas, profissionais e até sobre nosso propósito de vida.
Visto toda essa turbulência, o conflito surge exatamente por termos tantas perguntas, sem quase nenhuma resposta, principalmente sobre como solucionar esses sentimentos ou minimizá-los.
Não à toa, Bert Hellinger conduziu um denso estudo sobre as influências que sofremos em nossos relacionamentos, de modo a compreender e buscar uma melhor maneira de resolver essas questões.
Desse estudo, nasceu uma forma de encontrarmos a nossa própria força, conhecida como Constelação Familiar.
Basicamente, trata-se de uma abordagem terapêutica que permite que lancemos aos nossos conflitos um olhar de revelação, possibilitando a sua compreensão e trazendo à consciência todos os mecanismos ocultos que nos levam a agir de determinadas maneiras.
Técnicas como essa permitem colocar o autoconhecimento na prática. Através dele, nosso desenvolvimento pessoal acontece de maneira saudável e benéfica. Além disso, essa ferramenta permite um conhecimento profundo sobre nosso propósito de vida, relacionamentos, funcionamento e como podemos reagir diante dos sistemas em que vivemos.
Primeiros passos para o autoconhecimento na prática
Todo ser humano sente a necessidade de se conhecer melhor, compreender de onde vem e para onde está indo. A autoanálise permite a compreensão de diversos assuntos internos, principalmente aqueles que bloqueiam as realizações e sabotam a própria felicidade.
Por muitas vezes acabamos gastando muita energia ao tentar separar áreas que se correlacionam entre si, como os relacionamentos e a vida profissional. Mas, isso deve ser repensado, uma vez que as leis que regem as áreas de nossa vida são as mesmas. Elas seguem as mesmas leis do êxito e fracasso, as mesmas leis da felicidade e da infelicidade, as mesmas leis e ordens na vida e no amor.
Para entender a conexão que todos os aspectos da nossa vida possuem, a Constelação Familiar oferece algumas compreensões e ensinamentos. A partir dessa abordagem, conseguimos identificar comportamentos carregados de repetições de dramáticas familiares, que acabam ocasionando infelicidade e insucesso em diversos âmbitos da nossa vida.
Também a partir dela é possível colocar em ação o autoconhecimento na prática, uma vez que nos proporciona uma “virada de chave” na vida.
As Leis Sistêmicas que agem mesmo quando não as vemos
A Constelação Familiar possui três Leis básicas que atuam especificamente nos relacionamentos (Ordem, Equilíbrio e Pertencimento), das quais podem nos fazer agir de forma primitiva e cega, isso porque muitas vezes não as vemos e nos falta compreensão acerca delas.
Bert Hellinger observou que, quando uma dessas Leis é quebrada, o sistema familiar se movimenta de determinada forma até atingir o equilíbrio entre elas novamente. Entenda um pouco mais:
1 – Lei da ordem:
É a lei que institui o respeito por aqueles que precederam: os avós vieram antes dos pais, que vieram antes dos filhos e assim sucessivamente. Essa hierarquia também existe entre os irmãos: o mais velho tem precedência sobre o mais novo.
Quando essa lei é quebrada, consequências dolorosas e significativas tomam forma e desorganizam o sistema familiar.
Saiba mais sobre a Lei da Ordem >
2 – Lei do Equilíbrio:
Dentro do âmbito da família, para uma convivência saudável e constante, é necessário que em todas as relações – exceto o de pais e filhos – o dar e tomar tenham pesos iguais. Quando apenas um ganha, o desequilíbrio acontece e isso se perpetua durante toda a vida e atinge inclusive outras relações.
Saiba mais sobre a Lei do Equilíbrio >
3 – Lei do Pertencimento
Todos os integrantes de um sistema, sem exceções, têm o direito de ali estar. Quando existe a exclusão de um membro, todo o núcleo se movimenta a fim de fazer com que ele retome ao seu lugar de direito.
Saiba mais sobre a Lei do Pertencimento >
Entender sobre essas leis e compreender os fatores que causam rupturas é fundamental para identificar os motivos pelos quais as dores aparecem. Compreendendo essas 3 Leis que regem o autoconhecimento na prática, está na hora da próxima etapa:
Olhando para a nossa família e nossos antepassados
Por menos que se possa entender ou aceitar, o vínculo com o sistema familiar é eterno. Com a analogia, podemos dizer que existem diversos fios que se entrelaçam entre si e tecem as nossas relações, antes mesmo de termos nascido.
Problemas, doenças, dores e dificuldades dos nossos antecedentes podem virar rapidamente os mesmos pontos dos descendentes. Por esse motivo, compreender quais são essas peças quase que invisíveis, que fazem a engrenagem familiar rodar, é fundamental na sua jornada de autoconhecimento na prática.
Todo processo inconsciente só pode ser tratado e compreendido quando ele é trazido à luz e compreensão da consciência, permitindo ressignificar e compreender o que é seu e separar o que é do outro.
Para amadurecer é preciso coragem!
Dito isso, a Constelação Familiar lhe permite compreender os nós e desatá-los da sua própria história, permitindo que se interrompa o ciclo de repetição desses comportamentos que lhe causam dor.
Compreendendo e respeitando sua hierarquia familiar
Sabendo que os pais vieram antes dos filhos e assim por diante, é natural que exista uma hierarquia nessa relação familiar. Através desse mecanismo, inconscientemente aceitamos alguns conflitos e comportamentos que nos causam problemas, tanto dentro da família, quanto na vida fora dela.
Após esse olhar delicado sobre nossa família e antepassados, podemos elucidar os fios que se emaranham e impedem a evolução, dando um grande passo no autoconhecimento na prática: o que respeita nossa hierarquia familiar e história, porém, entendendo que o destino deles pertence apenas a eles.
Dessa maneira, é possível romper esse ciclo contínuo e restabelecer as leis sistêmicas, garantindo a ordem, o equilíbrio e o pertencimento em todos os âmbitos de nossa vida.
Analisando nosso comportamento diante de nossos vínculos
Quando falamos em autoconhecimento na prática, trazer a consciência de como nos comportamos diante dos nossos vínculos é fundamental para navegar de forma segura e positiva nesse rio do desenvolvimento.
Todos os nossos relacionamentos – familiares, amorosos, de amizades e profissionais – são interligados e geram a mesma gama de sentimentos e emoções. E essa bagagem começa a se acumular desde a infância, com a relação entre pais e filhos.
Nossas experiências são carregadas a todo momento, de forma inconsciente e ativa. Por esse motivo é tão comum nos comportarmos sempre de forma similar nos relacionamentos que são estabelecidos na vida adulta.
Abrindo o seu olhar para si e para o todo
Sendo assim, é possível dizer que nossa história familiar possui uma enorme força em toda a nossa existência. Ela pode trazer grandes aprendizados, mas também muitas dores e problemas quando não são bem compreendidas e ressignificadas.
Por esse motivo que a Constelação Familiar se mostra como uma abordagem eficaz para elucidar esses conflitos. Através da sua aplicação é possível entender a fundo quais são os mecanismos responsáveis por nossas dificuldades e o motivo de infelicidades.
Aqui é necessário se fazer um adendo: uma jornada de autoconhecimento na prática, com base nas Constelações Familiares, não é uma fórmula mágica ou um achismo. Mas, sim uma postura reconhecida mundialmente, capaz de transformar as relações do indivíduo a médio e longo prazo, permitindo a libertação de estigmas e entraves que não pertencem a ele.
Porém, isso só é possível se existe uma ampla compreensão de todos os pontos que falamos ao longo deste artigo.
Conclusão
Nesse artigo você viu que a jornada de autoconhecimento com as Constelações Familiares pode ampliar sua visão perante os desafios e dificuldades na vida e, mais do que isso, lhe mostrar uma nova forma de caminhar ao abranger seu olhar para todos os vínculos que carrega, principalmente com as pessoas de seu sistema familiar.
O conhecimento das três Leis que regem todos os relacionamentos traz luz à jornada de autoconhecimento e nos conduz a um caminho que pode ser mais leve, feliz e equilibrado, pois nos conduz e mantém em nosso lugar.
No próximo artigo você vai saber algumas perguntas que precisam ser respondidas para tornar-se Constelador.