A possibilidade de trabalhar a Constelação Familiar individualmente, através de âncoras e figuras, é mais uma forma de aplicação do trabalho desenvolvido por Bert Hellinger.
A Constelação Familiar e Sistêmica tem se provado uma postura de trabalho terapêutico capaz de trazer grandes movimentos de transformação para todos que a procuram. O trabalho de Bert Hellinger tem sido estudado em todo o mundo e cada vez mais seus benefícios são comprovados por milhares de pessoas que já utilizaram as Constelações Familiares e Organizacionais para alcançar uma vida com mais significado, equilíbrio e êxito.
Para começar, quem é Bert Hellinger?
Bert Hellinger, nascido em 1925, estudou Filosofia, Teologia e Pedagogia. Ele trabalhou 16 anos como membro de uma ordem de missionários católicos com os Zulus na África. Depois, tornou-se psicanalista e desenvolveu a sua própria abordagem de Constelação Familiar a partir das experiências com Dinâmica de Grupos, Terapia Primal, Análise Transacional e vários processos, inclusive Hipnose terapêutica.
Atualmente seu trabalho é reconhecido no mundo inteiro em vários setores, na psicoterapia, no trabalho de consultoria de organizações e empresas, na educação, na saúde, no judiciário… onde quer que se necessite orientação de vida, conforto da alma e no sentido essencial do viver. Ele desenvolveu um trabalho baseado na existência de 3 Leis naturais que regem a vida humana ao qual ele chamou de Constelação Familiar.
“Psicoterapeuta. Psicanalista. Filósofo. Teólogo. Pedagogo. Missionário. Educador. Visionário. Corajoso. Afinal, quem é Bert Hellinger? Difícil encontrar uma palavra que defina este homem e sua contribuição para o mundo: toda palavra que se escolhe parece reduzi-lo. A sensação que ele causa em quem o conhece, estuda e vivencia seus seminários, é sempre de algo que leva para “o mais”, que conduz “para um pouco mais além”. (Trecho extraído do livro “Constelação Familiar – Um caminho para a vida” / Raízes Instituto)
Qual é a teoria básica da Constelação Familiar?
Bert Hellinger nos fala que há, além do inconsciente individual e do inconsciente coletivo, um “inconsciente familiar” que atua em cada membro da família. Para ele, existem 3 leis básicas que atuam ao mesmo tempo: O PERTENCIMENTO, A ORDEM E O EQUILÍBRIO.
O resultado da observação e dos experimentos com estas leis, se transformou em um trabalho simples, direto e profundo que o próprio Hellinger gosta de chamar de “Ordens do Amor”. Segundo ele, onde houver pessoas convivendo, estas 3 leis estarão atuando.
Hellinger, que residia na Alemanha, aos 92 anos continuava seu trabalho com as Constelações Familiares, viajando por todos os continentes do mundo. Suas obras já foram traduzidas para mais de 20 idiomas.
E o porque as Leis da Constelação Familiar de Hellinger interferem na nossa vida?
Segundo ele, quando se age de acordo com as leis, a vida flui e nossos objetivos se desenvolvem. Quando as transgredimos, a consequência é perda da saúde, da vitalidade, da realização e dos bons relacionamentos, assim como o fracasso nos objetivos de vida. Mesmo que não tenhamos consciência de que elas estejam atuando, elas existem para além de nossa vontade ou escolha.
Durante uma Constelação, o objetivo é identificar quais leis podemos inconscientemente estar transgredindo e nos recolocar na vida de uma forma que possamos respeitá-las.
Como acontece uma Constelação na prática?
Uma Constelação funciona com o cliente trazendo uma questão que o aflige (o cliente pode ser uma pessoa ou uma empresa, escola ou organização, por exemplo), que causa algum tipo de dor emocional, alguma dificuldade ou prejuízo bem concreto. Normalmente, este atendimento é feito num grupo de pessoas que se reúnem para “constelar” seus temas ou para participar e vivenciar a experiência da constelação.
A partir daí, junto com os participantes do grupo, que servirão como representantes, as questões são colocadas no campo em busca da observação dos emaranhados que atuam na situação, na “dor” do cliente, e os movimentos essenciais de liberação.
Como vimos, o trabalho da Constelação pode ser feito em grupo, mas às vezes o cliente se encontra impossibilitado de participar de um grupo seja por indisponibilidade de agenda, seja por não se sentir à vontade para expor a sua questão publicamente, preferindo assim o atendimento individual.
O atendimento individual acontece no consultório do Constelador, onde estarão presentes o facilitador e o cliente. Não há outras pessoas para participar da Constelação, sendo assim, as figuras ou âncoras substituem as pessoas. As figuras são usadas como representantes, mostrando claramente ao cliente as dinâmicas que o levam à dor e quais os caminhos de solução.
O que é a Constelação com figuras?
A Constelação com figuras tem grande validade quando se faz uma Constelação individual. Às vezes, pela sensibilidade da questão ou pela falta de representantes para a formação de um grupo, é uma boa forma de atender o cliente que no momento não pode ou não está preparado para o atendimento em grupo.
Também tem sido de grande utilidade para terapeutas e psicólogos que buscam integrar o conhecimento de Bert Hellinger em seus atendimentos individuais ou de pequenos grupos.
Nessa modalidade, as figuras são utilizadas como representantes. Podem ser usados bonecos, desenhos e objetos que marquem a posição dentro do campo sistêmico.
É interessante que as figuras tenham o mínimo de “personalidade própria”. É importante que a composição das peças permita algumas diferenciações básicas, como se representam um homem ou mulher, que seja possível perceber a direção do “olhar” da figura, distinções uma da outra (através de cores) e tamanhos diferenciados para guiar a percepção temporal (pais e filhos, por exemplo), mas que não sejam muito específicas em sua representação. Esse espaço subjetivo é interessante para que a peça ofereça a possibilidade de aceitar as projeções do cliente.
Como é o andamento de um atendimento com figuras?
Assim como numa Constelação em grupo, é essencial em uma sessão individual que a Constelação seja realizada com uma questão concreta. O facilitador irá centrar seu cliente, que ao entrar em contato com seu tema o irá expor de forma simples, direta e clara. Essa presença e conexão do cliente com sua dor é vital para que o facilitador entre em contato com o essencial e assim o acompanhe em direção ao que se revela, o que o moverá para a resolução.
Jakob Schneider escreveu sobre isso:
O terapeuta é dependente desta energia que leva em direção à solução e o “peso da alma” na questão do cliente. Como ponto inicial, perguntas sobre a natureza da questão em tela e então sobre qual seria uma boa resolução trazem clareza e força que são críticas ao sucesso de uma Constelação Familiar. O terapeuta e o cliente precisam saber desde o início para onde devem dirigir sua energia. Ambos precisam ter algum sentido da “alma grupal” que conduz seus esforços na busca de uma boa solução.
Após estabelecido este contato, a Constelação com figuras segue similarmente a uma Constelação em grupo. Pede-se ao cliente que posicione as figuras essenciais relacionadas à questão trazida, segundo uma imagem interna. Não é necessário que o cliente justifique as escolhas das posições das figuras, somente posicionar as peças conforme ele sinta que é apropriado.
O papel do facilitador no processo da Constelação individual é muito importante, uma vez que as figuras utilizadas para representar não podem falar ou mover-se por conta própria. Também o cliente nem sempre está preparado para separar suas próprias percepções dos movimentos que surgem na constelação. Dessa forma, se necessário, pode caber ao facilitador a movimentação das peças, a sugestão de frases e o caminho para uma solução final, onde cada integrante daquela alma familiar encontre seu lugar correto.
Esse caminho pode ser feito com o constelador sentindo os movimentos necessários (quando bem conectado ao cliente) ou fazendo questionamentos com o paciente e percebendo suas reações, no sentido de validar as suas observações.
O mais importante, assim como numa Constelação em grupo, é o cliente ser tocado pelas frases e movimentos que revelam vínculos profundos, o alívio e liberação de energias represadas em movimentos interrompidos ou dos integrantes fora de seu lugar.
O objetivo também é o mesmo: permitir ao cliente perceber as dinâmicas que atuam, liberando-se das amarras inconscientes e tomando o seu lugar e a força de seu campo familiar para seguir com sua própria vida.