Constelação Familiar em nossa vida

pais e filhos constelação

Toda pessoa, em algum momento de sua vida, se pergunta qual a sua missão no mundo, qual o propósito de sua vida. Outras também se perguntam o porquê de tantas coisas que acontecem em suas vidas.

Nesta jornada que trilhamos diariamente ao acompanhar famílias, observamos o óbvio, mas tão pouco percebido e cumprido… Como diria Clarissa Pinkola Estés, autora do livro “Mulheres que correm com os Lobos”, a missão do ser humano é “Criar, Amar e Curar”.

E esta missão nós podemos fazê-la com alegria!

O homem e a mulher foram feitos para serem felizes e servirem um ao outro em generosidade e gratidão. Todos nós somos capazes de encontrar aquilo que nos faz bem, e talvez seja aí que esteja a nossa felicidade.

Você pode estar se perguntando, como fazer isto se a vida nos traz tantos desafios, sofrimentos, dores e perdas…?

Podemos afirmar que sim,  é possível vivermos bem, realizados e com êxito, se nos permitirmos perceber que estamos ligados uns aos outros pelo fio condutor da existência.

Para isso, vamos falar sobre como aplicar as Leis do Amor da Constelação Familiar em nossa vida e na educação de nossos filhos.

A vida é fluxo

Tudo o que acontece, seja bom ou ruim, faz parte deste fluxo. Portanto, o primeiro passo para cumprirmos nosso processo evolutivo é aceitarmos o que vem para nós como aspectos importantes, que nos possibilita avanços maiores, melhores e mais presentes.

Isso, claro, desde que olhemos querendo ver e aprender qual a lição.

Bert Hellinger, filósofo e psicoterapeuta alemão, nos presenteou com as Constelações Sistêmicas Familiares. Nesta postura diante a vida, nomeou 3 Leis da Vida, ou Leis do Amor que, segundo ele, desde sempre regem o mundo e as relações.

Se considerarmos estas leis com atenção, conseguimos nos aproximar muito da quietude, respeito e reverência que nós como seres espirituais somos. E a partir desta postura, nos ligamos ao que é essencial para atingirmos nossa missão: “Criar, Amar, Curar” em alegria e gratidão.

De forma simples, vamos lhes apresentar as 3 Leis do Amor, e ilustrar com exemplos como podem ser utilizadas em nossa vida:

Lei do Pertencimento

Esta lei de Bert Hellinger nos ensina que todos têm o direito de pertencer.

Em cada família, os que vieram antes, pai, mãe, irmãos, avós, bisavós, aqueles que não sobreviveram e todos aqueles que de alguma forma foram prejudicados para que nossa família continuasse, pertencem para sempre. Tanto os que já partiram ou que estão distantes de nós por qualquer motivo, fazem parte, influenciam e são influenciados pela força da Lei do Pertencimento.

Hellinger nos ensina que os sistemas, sejam quais forem, não permitem exclusão. Se o fazemos pelo nosso julgamento, reivindicação ou rejeição, alguém deste sistema representará o excluído.

Aqui começa nosso primeiro desafio: para garantirmos o direito ao pertencimento, precisamos adotar a postura do não julgamento.

Quando julgo alguém ou algo, me coloco acima desta pessoa ou situação, me esquecendo que sou tão falível, tão vulnerável, tão hostil quanto ela. 

Sim, pense se você pai, você mãe, não seria capaz de matar por seu filho? “Que atire a primeira pedra quem dentre vós, nunca pecou”, é um princípio tão antigo e sempre tão atual e aqui também vale para todos nós.

Portanto, para pôr em prática a Lei do Pertencimento:

Pratique o não julgamento. Decida de forma consciente não julgar, não criticar, avaliar as situações apenas descrevendo-as como são e não como certas ou erradas, boas ou más.

Renuncie ao hábito de avaliar rotulando, analisando. Esta postura limita sua capacidade de ver o que realmente acontece com o outro e sobretudo com você mesmo.

Silencie. Quando se perceber julgando ou criticando, lembre-se de sua decisão de não julgar e silencie. O silêncio diário como prática amplia sua capacidade de perceber para além do que se mostra.

Se esvazie de seus julgamentos, saberes e valores para receber o outro em suas características. Esta postura te possibilitará aceitá-lo como é e lhe dar o lugar de pertencimento que lhe é de direito.

Pratique e ensine seus filhos a nomearem seus colegas de escola ou de brincadeiras sem excluí-los, caso não sejam tão competentes nas brincadeiras ou tão eficientes nas atividades laborais, ou mesmo se forem mais hábeis.

Aceite as diferenças como possibilidades para ampliar seu propósito. Por exemplo: Se o tio ou o pai é alcoólatra, olhe para ele e seu destino com respeito, ame-o como é; esta postura desenvolverá em você compaixão, paciência, dedicação. Estes atributos conduzirão você para um estado de unidade que lhe dará força.

Seus limites também fazem parte, aceite-os, só assim descobrirá que você também é humano e com eles aprenderá que você também necessita do outro. Verá que suas habilidades se fortalecerão se olhar para você com respeito.

Exercite renunciar o preconceito de qualquer ordem. Todos têm direito a cumprir seu destino, por mais nefasto que possa parecer ser.

Lei do Equilíbrio

A Lei do Equilíbrio nos ensina que devemos retribuir o que recebemos, pois tudo no mundo responde à lei da troca, à compensação entre o dar e o receber.

A vida flui de forma dinâmica e as trocas em equilíbrio garantem este fluxo.

Esta lei é a que garante a continuidade da espécie, pois como a meus pais não posso retribuir a vida, este bem precioso que de graça me ofertaram, retribuo passando a vida adiante.

O mundo é abundante e está em uma troca dinâmica. Aqui, há algo que deve ser observado de forma bem prática.

Portanto, para pôr em prática a Lei do Equilíbrio:

“Dê ao mundo o que dele deseja.”

Observe se você também está disposto a dar seu tempo, atenção, carinho para os seus relacionamentos ou se está concentrado em reivindicar aquilo que você também não quer oferecer de si ao outro.

Observe se você é capaz de aceitar com amor aquilo que as pessoas lhe oferecem – seja uma ajuda às vezes necessária, seja atenção e carinho – ou se você se coloca sempre como aquela pessoa que está acima de todos e que não necessita de nada.

Ensine seus filhos a agradecer, assim receberão gratidão;

Viva isso e ensine a seus filhos:

– Serem delicados com as pessoas, desta forma receberão atenção respeitosa;

– Estimule-os a servir a todos com generosidade, assim o mundo lhes será gentil;

– Ensine-os a retribuir na medida exata do que receberam e podem retribuir, pois a intenção verdadeira gera compensação;

– Ensine-os a identificar as dádivas que a vida oferta gratuitamente à todos: o Sol, as flores, o ar puro, a água, a capacidade de olhar, de escutar, de falar, de andar, de sentir e sobretudo ensine-os a agradecer;

– Ensine-os a saber receber dos outros, seja um cumprimento, um elogio, um presente material, um aconselhamento;

– Ensine-os a presentear onde quer que estejam, com um sorriso, uma palavra gentil, um gesto, uma intenção verdadeira de querer bem a alguém, todos os dias.

Lei da Ordem

Esta lei nos ensina que cada pessoa tem seu lugar e deve ocupá-lo. Quem nasceu ou chegou primeiro, tem precedência sobre aquele que vem depois em seu sistema familiar.

Desta lei é que vem a compreensão de que os pais vieram antes dos filhos, portanto compete a eles cuidarem, nutrir e guiarem seus filhos. Ensine-os a respeitar vocês, os avós, professores, etc.

Os filhos devem reconhecer e aceitar seus pais exatamente como são e deles receber com gratidão o que podem dar.

Praticando a Lei da Ordem:

Vivam e ensinem seus filhos a respeitar a hierarquia, ou seja, mostre com seu exemplo que os que chegaram antes tem prioridade. Por exemplo, ensine-os a:

– Deixar que os mais velhos entrem no elevador em primeiro lugar;

– Levantarem-se para ceder seu lugar no metrô, ônibus, etc.;

– Se oferecerem para ajudar com sua bagagem;

– Cumprimentá-los gentilmente;

– Parar para lhes dar passagem.

Os pais jamais devem incluir seus filhos em suas discussões de casal ou problemas profissionais. Seria demais para eles. Não permitam que se envolvam nos assuntos dos mais velhos.

Quando for pedir opinião dos filhos, inicie perguntando ao mais velho, isto reforçará seu lugar de chegada na família. Da mesma forma, na hora de dormir, o que vai primeiro é o menor, dando assim aos mais velhos a prerrogativa de ficar um pouco mais e exercitar o seu lugar. (Você poderá impressionar-se com o que estes poucos minutos de diferença podem fazer para melhorar a relação entre os irmãos.)

Ensine o irmão mais novo que ele deverá respeitar o mais velho. Deixe claro que, o fato de ser menor e talvez durante um tempo precisar mais dos pais, não dará ao mais novo a prerrogativa de vir antes dos irmãos mais velhos. Deixe clara a ordem entre os irmãos. (Grandes sofrimentos entre irmãos são decorrentes das dificuldades que os pais têm de estabelecer os limites para o irmão mais novo em relação ao mais velho, deixando claro para ambos qual é o lugar que cada um ocupa na família).

Escute tanto aos filhos mais velhos quanto aos mais novos com o mesmo respeito. Assim os mais novos irão valorizar também o seu lugar de chegada na família.

Inclua de alguma forma os filhos que não nasceram (abortos) ou morreram, por exemplo com uma pequena celebração em seu aniversário.

Temos certeza que, exercitando com atenção e reverência essas leis, encontraremos o amor que nos faz bem e estaremos favorecendo que nossos filhos cresçam em equilíbrio e sabedoria rumo ao sucesso que a vida lhes oferece.

Não é nada fácil, nós sabemos, mas com um coração disposto a amar, aprender e crescer, dará certo.

Confie!

Para finalizar, quando falamos de filhos, temos que ter algo sempre muito claro: para nossos filhos, nós, pai e mãe, estaremos sempre juntos no coração deles, independente de vivermos juntos ou não, perto ou longe, com uma boa relação ou com dificuldades de relacionamento.

Quanto mais formos capazes de reconhecer e respeitar aquele ou aquela que, junto conosco gerou esta vida, mais segurança e confiança estaremos gerando para nossos filhos e mais leveza eles encontrarão em seu caminho!

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