Em 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS), emitiu um relatório onde definia os transtornos ansiosos e depressivos como mal do século, tendo detectado um aumento de 25% destes transtornos durante a pandemia. Nunca se falou tanto sobre eles como nesses últimos tempos, especialmente com a chegada da pandemia da COVID-19. Mas, será que depressão e ansiedade têm cura?
Antes de mais nada, é preciso compreender um pouco melhor sobre ambos os distúrbios. Confira uma breve descrição sobre cada um:
Transtornos depressivos
É muito importante diferenciar um período de tristeza da depressão em si. Muitas pessoas experienciam períodos de profundo desânimo e até tristeza, devido a situações da rotina. Porém, quando isso vira patológico e evolui para a depressão?
A depressão se caracteriza por uma tristeza tão profunda, que significa a perda de sentido da vida, uma angústia sem fim e extremamente incapacitante. Muitas vezes sem causa aparente.
Além das consequências no humor, os sintomas cognitivos e até motores também são comuns. Aqui no site do ministério da saúde, é possível encontrar mais detalhes sobre os principais sintomas.
Transtornos de ansiedade
Aqui, é fundamental frisar que sentir-se ansioso pode ser completamente normal. Afinal, é uma resposta primitiva a um estado de perigo iminente, sendo o principal motivo que fez com que nossa espécie chegasse até aqui.
Porém, quando os sintomas mais comuns da ansiedade se tornam crônicos e afetam toda a vida da pessoa (social, profissional e pessoal), é um grave sinal de que o transtorno está instalado.
Um exemplo fácil para identificar o estado patológico é quando a pessoa sente em níveis extremos todos os sintomas, porém, sem uma causa real ou aparente.
Abrangência dos quadros de depressão e ansiedade
Ambos os distúrbios são graves e considerados doenças crônicas, que afetam o indivíduo em sua totalidade. Aliás, como dissemos no início do texto, devido à pandemia e ao isolamento social, os casos de depressão tiveram uma alta de 80% nesses últimos meses, segundo um estudo realizado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
Segundo os dados da OMS, o Brasil tem a maior taxa de ansiedade do mundo. Esse é um dado preocupante, que demonstra o quanto devemos ter atenção ao adoecimento não apenas do corpo, mas também da mente e emocional. Sobre isso, Thorwald Dethlefsen e Rüdiger Dahlke disserta:
“A doença é o estado do ser humano que indica que, na sua consciência, a pessoa não está mais em ordem, ou seja, sua consciência registra que não há harmonia.”
Como se isso já não fosse preocupante, uma pesquisa recente da UERJ, feita para medir o impacto da pandemia de COVID-19 na saúde mental, demonstrou que casos depressivos mais que dobraram. Porém, referente a ansiedade, esses números são ainda mais críticos: 80% a mais do que os dados anteriores.
Pensando em trazer mais informação de qualidade e auxílio para a compreensão desses males, desenvolvemos esse conteúdo. Para que profissionais de saúde, ou mesmo pessoas que estão tendo de lidar com esses transtornos, possam encontrar uma luz frente às alternativas que ajudam a minimizar o mal que eles trazem.
Depressão e ansiedade no Brasil
Em 2019, segundo dados da OMS confirmados em junho de 2022 em Genebra, aproximadamente 5,8% da população brasileira sofria de depressão. Já a taxa de ansiedade era ainda mais alarmante: 9,3%. Isso representa mais de 30 milhões de pessoas sofrendo com os transtornos.
Ao longo dos anos, diversas abordagens vêm se mostrando eficazes no tratamento desses distúrbios, obtendo resultados positivos no controle dos sintomas e na recuperação do indivíduo.
A visão integral do doente e da doença tem trazido caminhos surpreendentes de percepção da doença e da importância do doente e sua fidelidade a seu sistema familiar, como protagonistas da recuperação ou agravamento dos quadros.
Como as Constelações Familiares podem ajudar
Se você ainda não conhece as Constelações Familiares, ela é uma abordagem terapêutica, que permite olhar o ser humano em sua totalidade, observando como as relações familiares sistêmicas atuam em sua vida.
A Constelação Familiar e sua abordagem sistêmica-fenomenológica é um dos caminhos terapêuticos que têm conseguido acessar a força dos indivíduos, potencializando sua recuperação.
A pessoa doente consegue reconhecer e utilizar seus recursos internos, na medida que se libera de suas fidelidades invisíveis ao seu sistema familiar. Essas fidelidades são denunciadas através dos quadros de doenças físicas ou emocionais, e quando passam por um movimento de liberação a saúde pode se manifestar.
Essa abordagem terapêutica breve, criada por Bert Hellinger, nos ajuda a compreender o mecanismo por trás do adoecimento. Dessa maneira é possível agir não apenas no sintoma, mas sim na causa de toda a dor, trazendo resultados sólidos, eficientes e duradouros. Veja o que o autor tem a dizer sobre o tema:
“A doença é o sinal de que existe algo que aguarda para ser colocado em ordem. É sempre o amor que coloca algo em ordem. Principalmente o amor a um excluído que não tem lugar. Esse amor quer sempre mais. Também a doença quer sempre mais. O movimento em direção a mais é um movimento em direção à saúde.” – Bert Hellinger, no livro A Cura
Esta poderosa ferramenta ajuda não apenas o paciente em questão, mas também aquele que dedica sua vida a cuidar de quem tanto precisa de apoio – médicos, terapeutas, psicólogos, psiquiatras e demais profissionais da ajuda.
Mas, para que toda essa engrenagem funcione como deve, Hellinger aponta seu olhar para a observância das Três Leis da Vida que nomeia em seu trabalho: a Lei da Ordem, do Pertencimento e do Equilíbrio.
Ele alerta também que a arte da verdadeira ajuda prestada aqui, nesse contexto pelos profissionais da saúde, deve contemplar uma postura que favoreça seu exercício. Assim, nos apresenta, as Ordens da Ajuda.
As Ordens da Ajuda
Através das ordens de ajuda o profissional poderá servir mantendo-se saudável e mais eficiente, pois de nosso próprio lugar temos força.
A seguir, vamos te ajudar a entender melhor sobre as Ordens de Ajuda.
Ordem da Ajuda 1 – Dar apenas o que se tem, e pegar para si somente o que se necessita.
É uma troca equilibrada entre o que cuida e aquele que está sendo cuidado. Essa ordem exige presença, humildade, coragem e respeito.
Como profissional de ajuda, só posso dar aquilo que é de minha competência, portanto, saber o limite até onde se deve e se pode servir é fundamental. Não somos salvadores de quem servimos, somos apenas ponte para o processo que pertence ao cliente.
Quando servimos em equilíbrio, possibilitamos que o cliente desenvolva sua consciência e escolha, ou não, utilizar seus próprios recursos para sua recuperação.
Ordem da Ajuda 2 – Submeter-se às circunstâncias é reconhecer a realidade e suas limitações.
Quem cuida precisa compreender que o local do protagonista não é dele. Dessa maneira, deve-se abster de impor ao cliente sua verdade e suas ideias como única referência de saúde para ele.
Diante do destino do cliente, o profissional de ajuda deve se curvar respeitosamente. De seu lugar, o profissional oferece o que é possível, a partir de sua competência, mas sem negar a realidade do que se mostra ou tentar subvertê-la a qualquer custo.
Essa postura que ultrapassa o lugar do profissional e o limite do cliente, além de desrespeitosa, é ineficaz. Acompanhar com respeito o que se mostra e aceitar seus limites como profissional e os limites do cliente é essencial.
Ordem da Ajuda 3 – Colocar-se como um adulto diante de outro adulto.
Quando o cuidador olha para seu cliente como um indivíduo adulto, que possui suas potencialidades e capacidade de lidar com suas dificuldades e dores, potencializa nele a percepção de sua verdadeira força. Dessa forma, o cliente se colocará como responsável por sua recuperação.
O bom profissional sabe que quem tem a chave da saúde é o cliente.
Ordem da Ajuda 4 – Focar no sistema como um todo.
É papel daquele que fornece a ajuda olhar o indivíduo em seu contexto como um todo. Ele é parte de um sistema que atua sobre sua saúde e sobre sua doença.
Os movimentos invisíveis que agravam os quadros de doenças, se mostram quando olhamos o indivíduo em um contexto mais amplo. Assim, os caminhos de solução se tornam mais claros.
Ordem da ajuda 5 – Amar a cada ser humano do jeito que é.
O cuidador precisa se abster de quaisquer sentimentos pela situação em que o cliente está imerso, ou seja, aceitar o destino do cliente com respeito. Dessa forma terá condições de lidar com o que se mostra com isenção de intenções, com clareza e assertividade.
Essa postura respeitosa é uma importante forma de amar. Amar o que se mostra, amar o que é como é, seguir o que é possível e liberar com respeito o que não se pode negociar ou mudar.
A prática das Ordens de Ajuda desenvolve uma postura essencial para que o tratamento terapêutico tenha êxito.
A mudança de postura, daquele que salva para aquele que serve, é necessária para que o profissional se torne um facilitador no processo de recuperação do quadro sintomático ou patológico do cliente. Assim o cliente, ao reconhecer seu próprio potencial de força, poderá transformar sua dor em recursos e se liberar de seus males!
A saúde sob a influência dos relacionamentos familiares
Como seres sociáveis, nossa construção de personalidade é influenciada pelas relações e experiências familiares da qual estivemos inseridos. Logo, nossa saúde – física e mental – também demonstra reflexos dessa formação.
Conforme vimos, quando estamos sob a influência das experiências familiares que por algum motivo não tenham sido boas, doenças como a ansiedade e depressão ganham espaço, pois buscam denunciar uma dor, uma exclusão, uma situação que ainda não teve uma adequada resolução.
Muitos quadros de depressão e ansiedade denunciam um amor sacrificial, um amor à beira do abismo, onde a presença e por vezes o desejo de morrer é constante.
Através da visão sistêmica das Constelações Familiares, costumamos observar que a doença está sempre a serviço da saúde, em um movimento concreto e por vezes definitivo, a nos mostrar para onde o nosso amor olha.
O trabalho das Constelações auxilia o cliente a resgatar esse amor interrompido ou a quem foi excluído no seu sistema familiar, para que a saúde de seu sistema, expressa no corpo, se restabeleça.
Na verdade, tudo é amor. Doenças, amor sacrificial. Saúde, amor que cura!
A abordagem das Constelações Familiares, aliada aos recursos da ciência médica, com certeza potencializa o caminho de sucesso do indivíduo em direção à saúde. Afinal, nosso organismo é capaz de ressignificar infinitas situações.
Podemos educá-lo de que pequenas mudanças em nossa postura, junto com a compreensão acerca de diversos acontecimentos de nosso sistema familiar, podem fazer com que tenhamos luz e soluções para as dores originadas por doenças como a depressão e ansiedade, por exemplo.