Muitas pessoas, ao escutarem expressões como: “Este garoto precisa de limites” ou “Você tem que dar limite à esta criança ou à seu companheiro”, entende “limite” como barreira, como movimento de limitação, basicamente como se fosse um NÃO… “não faça, não pode, não vá”.
Este é um equívoco.
Mas, então, o que são limites?
Limites são marcos que sinalizam onde inicia e onde acaba algo; até onde devo e posso ir; onde e como tenho a oportunidade de conhecer algo e assim me reconhecer.
Limites são referências importantíssimas para toda criança. Também para nós eles são fundamentais, para que nos coloquemos em relação ao outro ou às coisas.
Limites são oportunidades riquíssimas de aprendizagem. No entanto, muitas vezes compreendemos limites como regras limitadoras e até punitivas, mas esta postura nos afasta enormemente do sentido verdadeiro do que é limite.
Dizer “não” é dar limite?
Você poderia estar me perguntando: então não devo dizer “não”? O que devo ou não permitir?
O não pelo não, é na verdade o retrato da falta de limites. Exatamente: dar limites é muito mais do que dizer “não”!
O exercício do limite inicia pelo respeito, pela percepção e pela disposição em viver o que ensinamos.
Vamos ver alguns exemplos práticos?
Se falo para meus filhos que não devem pegar brinquedos dos colegas sem permissão, e eu pai, eu mãe, tomo seus brinquedos de sua mão sem lhes pedir permissão, crio uma confusão que a criança registrará e provavelmente repetirá na relação com os colegas, pois o exemplo atua no aprendizado como um registro de memória bem mais eficiente que as palavras, sobretudo se a criança for pequena.
Você não entende quando seu filho adolescente ouve música alta “não respeitando” o espaço dos outros, porém não vê que quando você está assistindo ao noticiário, a novela ou a um programa que lhe interessa, aumenta o volume da TV para que o ruído do relacionamento no lar não lhe atrapalhe. Qual a diferença? Onde será que este jovem aprendeu a “aumentar o volume” a fim de satisfazer sua necessidade individual sobre a necessidade do grupo?
Agora, uma verdade bem dura para nós, pais: aquilo que mais nos incomoda em nossos filhos, no que diz respeito aos limites, muitas vezes, é exatamente aquilo que nós fazemos com eles, com as pessoas das nossas relações e também conosco mesmo.
Queremos filhos que entendam e atendam aos limites? Comecemos por nós mesmos!
É preciso que observemos e usemos os limites como oportunidades para percebermos melhor as outras pessoas que nos cercam e com quem nos relacionamos.
Limites são referências que constroem possibilidades!
Como fazer isto com nossos filhos?
Nós conseguiremos dar limites de forma clara e segura, quando estivermos disponíveis para exercer nossa função de pai e mãe, com dedicação e responsabilidade, assumindo o lugar de quem está atento e disposto a ensinar as referências que darão sentido às situações, emoções e experiências que os filhos vivenciarem. Porém, talvez, a forma mais eficaz será nos dispormos a aprender junto com eles e trabalhar também em nós, os nossos limites.
Quando conseguirmos viver esta postura, os limites, que são como linhas sinalizadoras para a vida, se mostrarão de forma natural, interessante e leve.
Precisa de ajuda para aprender como dar limites ao seu filho?
Sim, isso é bem normal. O filósofo Cortella sabiamente nos diz que “não nascemos prontos” e essa é uma grande verdade.
Para ser pai e mãe não existe receita, então, o caminho é muito amor e muita disponibilidade de se entregar ao processo de crescer e aprender. Aqui no Instituto também somos pais e sabemos quantos desafios a paternidade e a maternidade nos impõe: por isso desenvolvemos conteúdos e programas que vão te auxiliar a se conhecer melhor e, através das três Leis do Amor, desenvolver o amor que nos faz bem.