A Constelação Familiar de Bert Hellinger tem atraído cada vez mais pessoas, que buscam nos seus conhecimentos uma ajuda para alterar o que tem sido difícil em suas vidas.
Se identificam com um dos principais pontos que está contido neste conhecimento: a influência da história familiar sobre a nossa vida.
Até mesmo por este ser o principal campo de estudo da Constelação Familiar de Hellinger, algumas pessoas se confundem com o que é feito aqui. E estas mesmas pessoas por vezes não recebem na totalidade tudo aquilo que esta ferramenta tem para oferecer.
Elas chegaram no limite da Constelação Familiar.
E qual é esse limite?
Vimos com frequência, nos atendimentos, que a possibilidade daquilo que se mostra numa constelação está subordinado a uma característica muito especial: a responsabilidade pessoal de cada um em relação à sua vida.
É essa responsabilidade que permite tomar o que é visto na constelação, e não usar este novo conhecimento como uma desculpa para permanecer no mesmo lugar.
É a responsabilidade pessoal que permite pagar o preço de novas escolhas e de uma nova postura. Pois sim, tudo tem um preço a ser pago. Inclusive a felicidade e uma vida mais leve.
Uma constelação familiar sem assumir a responsabilidade pessoal
Realizar uma constelação exige um centramento do cliente. O que é acessado pelo terapeuta e pelo grupo vem através do cliente que levou seu tema pessoal para ser constelado.
Isto já mostra como o papel do cliente é central para um bom andamento de um atendimento em constelação.
A cada movimento, algo também se movimenta no campo familiar do cliente. Da mesma forma que acessamos o campo familiar que nos provê as informações, naquele momento, o campo também se deixa influenciar pelos movimentos verdadeiros de solução que já se encontram ali.
É importante notar que o terapeuta nada passa para o campo. Na verdade, ele acompanha o cliente que deseja olhar para a realidade que se mostra. Inclusive nas soluções, estas só terão efeito verdadeiro se forem uma possibilidade real para o sistema.
O mais importante, no momento de uma constelação, é o cliente e seu sistema familiar.
E o que acontece então quando este cliente chega, por exemplo, forçado por outra pessoa?
Um filho que pediu para a mãe ir, ou uma esposa que insistiu para o marido constelar, porque “tal problema com certeza vem do seu sistema”?
Ele/ela não chega disponível para o trabalho, e principalmente para assumir sua responsabilidade dentro do que lhe compete no seu sistema.
Um ambiente diferente, mas a mesma postura
E ainda que o campo se mova, pois há algo que coloca esta pessoa ali, se ela não assumir o que lhe cabe, pouco irá se mover em sua vida.
A Constelação e seus reflexos são amplos. Nunca estaciona em uma pessoa só.
Então, se o ambiente ao meu redor sofre uma alteração, mas eu não, o que acontece?
Eu, como alguém que não deseja assumir sua própria responsabilidade, encontro novos motivos para permanecer no mesmo lugar.
Se não há disponibilidade para a mudança em si mesmo, há pouquíssimo espaço para que a dificuldade se altere. Ela permanece, pois ainda tem uma utilidade.
Como se fala popularmente: talvez seja necessário ainda doer um pouco mais.
Nossa situação de vida também deseja nos mostrar algo, e também ela está a serviço de algo maior. Ela é paciente, como uma mãe. Ela deseja que a gente cresça, como um pai.
Ao mesmo tempo, ela é sábia, e não nos dá nada de graça. Para aquilo que é importante para o desenvolvimento de cada um, há um preço a ser pago.
E pela nossa experiência, vemos que esse preço é a responsabilidade pessoal diante da própria vida.
Um ambiente e uma postura diferente
O simples imaginar deste título já mostra a força que a nova postura, alinhada com a responsabilidade pessoal pode oferecer na nossa vida.
Após uma constelação, é como se surgisse espaço para uma nova dinâmica entre os familiares. Esta nova possibilidade se mostra, ao mesmo tempo que também exige de nós uma contrapartida.
Precisamos abrir mão e nos liberar das velhas desculpas e exigências. Aceitar que o que aconteceu é o que foi possível, não importa o quão bom ou difícil ela se apresentou para nós. Olhamos para esta possibilidade e muitas vezes aceitamos encontrar um novo “eu” e então seguir adiante.
É a responsabilidade pessoal que leva o cliente a aproveitar este novo cenário para estabelecer novas dinâmicas, onde isso for possível.
É através da responsabilidade pessoal que também se torna possível aceitar o que não pode ser alterado. Há um senso de possibilidade que permeia toda esta situação. E junto com isto, uma leveza em levar adiante o que precisa ser feito, permanecendo em seu lugar.
Esse é o limite da Constelação Familiar. E é no encontro com a nossa responsabilidade pessoal que se percebe a sua infinidade de boas soluções.