Dentro dos nossos emaranhados, há uma cura aguardando para ser acolhida.
A Constelação Sistêmica é uma ferramenta à serviço da vida observada e desenvolvida pelo terapeuta alemão Bert Hellinger. Ela permite que percebamos nossos emaranhados, bem como traz à consciência as dinâmicas ocultas que atuam em nossa vida. Desta forma podemos ampliar a capacidade de resolução dos conflitos que nos impede de alcançarmos sucesso, saúde e plenitude.
Em todos os relacionamentos existem emaranhamentos que, a despeito de todas as nossas tentativas, se mostram de difícil resolução. Essa dificuldade vem do nosso inconsciente, onde muitas vezes esses conflitos nascem e permanecem, mesmo quando racionalmente tentamos resolver algo. Nosso inconsciente age pelas regras mais primitivas e com lealdade cega ao nosso campo familiar.
Bert Hellinger, em seus estudos, observou que existem três leis que agem nos relacionamentos, e que quando quebradas fazem o sistema se movimentar até reencontrar o equilíbrio, que só possível quando as leis transgredidas voltam a serem respeitadas pelos membros do sistema.
Esses movimentos muitas vezes são sentidos como dores dentro do sistema, e são um pedido de atenção para que nos atentemos à lei que está sendo negligenciada por algum motivo.
Quando Hellinger fala dessas leis, ele diz que são forças naturais que atuam sobre nós, independente de nossa vontade ou decisão. Para ele, elas são naturais e imutáveis.
São essas leis: a Ordem, o Equilíbrio e o Pertencimento.
Sobre as 3 leis no âmbito familiar
A lei da Ordem é a lei que fala sobre a hierarquia e precedência, preconizando que devem sempre ser respeitados os que chegaram antes no sistema. Sendo assim, por exemplo: Os avós vieram antes dos pais, que vieram antes dos filhos. Entre irmãos, o mais velho veio antes que o do meio que veio antes do caçula.
Hellinger afirma que a ordem deve ser respeitada sob o risco de consequências funestas caso haja transgressões. Observa-se com frequência que, em um sistema familiar, qualquer movimento que coloca o mais novo como maior é uma quebra da ordem. Isso é o que acontece, por exemplo, quando filhos julgam os pais, se colocando maiores ou melhores que eles. Esta postura fere a ordem e, inevitavelmente, irá gerar consequências danosas para os filhos que assumem este lugar.
A lei do Equilíbrio remete ao dar e tomar, presente em todas as relações. Excluindo a relação entre pais e filhos, onde o equilíbrio é diferente – os pais dão aos filhos algo que jamais poderão retribuir, a vida – todas as outras relações exigem a equivalência entre o dar e tomar. Quando a balança pende para somente um lado, o desequilíbrio aparece.
No caso de pais e filhos, a forma de buscar o equilíbrio se dá quando os filhos tomam dos pais e repassam para seus filhos ou a um trabalho que serve à vida o que receberam. Assim o equilíbrio garante a continuidade das gerações, fortalecendo o caminho da vida.
A lei do Pertencimento diz que, dentro de um sistema familiar, todos têm o direito garantido ao pertencimento, vivos ou mortos. A exclusão de um integrante faz o sistema se movimentar até restituir ao excluído o direito de estar no grupo familiar, de forma respeitosa e inclusiva, seja qualquer que tenha sido seu destino. Isso quer dizer que todos têm um lugar garantido dentro do sistema do qual fazem parte, independente de quem seja ou de quanto tenha sido trágica sua história.
A transgressão e a cura
Experimentamos a quebra dessas leis em nossas vidas com doenças, fracassos e peso. Quando algo dói em nós, é possível que estejamos conectados a algo em nosso sistema familiar que foi excluído, rejeitado, negado. A transgressão, que acontece frequentemente de forma inconsciente, normalmente denuncia o que precisa ser incluído no sistema. Portanto, como dizia Bert Hellinger, é um movimento de “amor” ao sistema, mas um “amor que adoece”.
Como reconhecer o caminho de solução, de cura?
Nos workshops de Constelação Sistêmica, através do tema trazido pela pessoa que está em dor, e com a participação dos representantes escolhidos, se consegue perceber as dinâmicas ocultas que estão atuando na vida do cliente de forma inconsciente. Ao entrar em contato com essas dinâmicas, é possível levar a pessoa a ficar mais próxima da cura e de seu próprio destino.
Quando a Constelação termina, aí inicia o trabalho consciente da pessoa, o esforço para mudar hábitos e permanecer em seu lugar, fortalecendo e seguindo aquele caminho de cura e possibilidades que se mostrou através das informações do campo de seu sistema familiar. A liberação de fidelidades invisíveis, identificações, expiações, conduzem à saúde e equilíbrio. Como diria Bert Hellinger, liberados somos concluídos!
Para além das dores familiares
Falamos neste artigo sobre as Leis e as Constelações no âmbito do sistema familiar. Todavia, hoje esta postura de trabalho é aplicada com grande sucesso e eficácia também nas questões empresariais, de sucessão, holdings, no judiciário, na pedagogia, bem como na medicina.
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Fonte para leitura:
Um Lugar para os Excluídos – Bert Hellinger e Gabriele Ten Hövel