Há alguns padrões que se manifestam ao longo da vida e que se carrega há muito tempo, mas o que é o novo na sua vida?
Alguns desses padrões nascem lá na infância, de um movimento interrompido ou de uma alteração afetiva em relação ao pai e, em especial, à mãe. Isso pode se tornar um comportamento que pode ser reproduzido por toda a vida.
Assim, nestes pontos não resolvidos, a repetição de uma reação ao longo da vida a um acontecimento, sendo ele sistêmico ou não, pode se tornar um hábito e uma forma condicionada de responder à determinada situação.
Se em algum momento da infância houve a percepção de falta da presença da mãe, por exemplo, a criança pode gerar uma reação de super apego ou o seu oposto: o desapego.
E esse comportamento construído no momento no qual houve uma confusão em relação à fonte do afeto pode ser levado para a vida adulta.
No livro “Apego – A natureza do vínculo”, o autor John Bowlby escreve:
“Assim, chegamos a conclusão de que a perda da figura materna, quer por si mesma, que em combinação com outras variáveis a serem identificadas, pode gerar respostas e processos que se reveste do maior interesse da psicopatologia. Não apenas isso, concluímos também que essas respostas e processos são os mesmos que se sabe estarem ativos em indivíduos mais velhos ainda perturbados por separações que sofreram nos primeiros anos de vida.”
Pais e Filhos
Esses momentos, nos quais o filho enquanto criança experimenta de alguma forma a perda do afeto, podem criar uma ruptura entre ele e seus genitores.
Muitas vezes é o sentimento desse momento que os filhos levam para a fase adulta e para a vida. Bert Hellinger chamou essa questão de “movimento interrompido”.
Dentro desse sentimento, o filho acaba por não mais permitir aproximações afetivas dos pais, porém também sente a falta por não receber o afeto que precisa. Ele está numa reação de defesa da dor sentida na situação que gerou o afastamento.
Assim, mesmo que os pais tentem, muitas vezes o filho se nega a receber, em um movimento de defesa.
A continuidade desse comportamento se transforma em hábito, impedindo o filho de aproveitar o amor que vem dos pais, mesmo quando ele está disponível.
“Espera aí, esse texto não era sobre o novo?”
Isso mesmo. Esse texto é sobre o novo.
Mas é necessário dar um passo atrás para perceber como às vezes desenvolvemos um hábito e o carregamos durante a vida. No exemplo dado neste texto, podemos imaginar que este filho chega em uma Constelação reclamando que não recebe amor dos pais.
Agora que já conhecemos uma das dinâmicas possíveis para esse sentimento: não se trata necessariamente da falta de amor dos genitores ao longo da vida, mas sim de uma dinâmica montada por uma percepção momentânea de falta de afeto e que bloqueia o acesso ao que é possível receber dos pais. Assim, entendemos como é importante que o indivíduo esteja disponível para alterar seus padrões em um trabalho terapêutico.
O novo, para ele, é se conectar com o afeto dos pais, ultrapassando o medo de sentir que ele sentiu naquele acontecimento na infância.
É preciso coragem para enfrentar essas questões, principalmente porque elas estão somatizadas no corpo, que entende que se entregar ao afeto pode ser perigoso.
Porém, o indivíduo agora é um adulto que busca maturidade em suas questões pessoais. E talvez ele encontre espaço para lidar com esse medo, entrar em contato com ele e decidir olhar novamente para os pais na busca da reconexão do afeto.
Abrir-se para o novo é isso: aceitar que há medos que precisam ser ultrapassados, lidar com a realidade e acatar o que se mostra.
Acessar o novo
Poder entrar em contato com o novo é ultrapassar os medos estabelecidos por anos de hábitos condicionados por acontecimentos que estão fora de nosso controle e, a partir de uma nova consciência, mais madura, reencontrar um lugar possível e mais leve para se viver.
Neste ponto, a Constelação Familiar tem se mostrado uma ferramenta muito capaz de auxiliar o cliente a vivenciar o que está contido em sua dor de uma forma amorosa e respeitosa, auxiliando a renegociação daquilo que foi difícil.
Porém, cabe ao cliente a decisão de abrir mão das dores (e dos ganhos) da sua antiga postura.
O novo pode assustar, pois é um novo terreno no qual não possuímos nenhum mapa.
A experiência nos mostra que este “novo” é o lugar no qual a vida pode florescer mais de acordo com o que é verdadeiro e positivo para nós.
E agora lhe perguntamos: o que pode ser o novo na sua vida?
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