Para o amadurecimento pessoal é preciso ter coragem

O caminho para o amadurecimento pessoal pode ser repleto de provações e de incertezas. Ele vale a pena, mas nos exige muita coragem enquanto estamos trilhando esta jornada.

Crescer exige largar algo sem a segurança do novo apoio. Vamos deixando para trás exigências, carências, razões e vamos construindo, aos poucos, um novo lugar para ser.

É preciso “ser”, neste novo lugar, de uma maneira diferente.

É preciso encontrar uma forma para estarmos mais inteiros e menos propensos às oscilações da maré dos nossos sentimentos e das nossas emoções.

Nós encontraremos um lugar no qual estaremos mais centrados e mais responsáveis por nós mesmos.

A coragem pedida pela mudança é diretamente proporcional ao medo que sentimos de mudar.

Talvez por isso sentimos tanta dificuldade neste processo: cada vez que desejamos e percebemos que precisamos mudar, uma força contrária atua em nós, muitas vezes nos mantendo em um mesmo lugar.

Amadurecimento pessoal: onde estamos?

Quando olhamos para o processo de amadurecer, é possível perceber em nosso corpo a dor que sentimos em determinadas situações: relacionamentos, vida familiar, campo profissional e principalmente, no nosso emocional.

Sentimos as oscilações e percebemos o desconforto em nós. Nosso sentimento nos conduz a lugares que parecem testar a força desse nosso novo movimento.

Se, por um lado, queremos abrir mão da nossa zona de conforto, por outro desejamos inconscientemente nos manter neste lugar. A segurança de saber navegar naquilo que já nos é conhecido pode ser mais forte do que a coragem necessária para se arriscar em direção ao inesperado.

No entanto, o tempo vai passando, as coisas vão se acumulando e, então, algo parece ficar insustentável: o corpo, a mente e as emoções dizem que é necessário mudar.

O peso de ser o que se é

Abordamos em alguns textos aqui no blog sobre como nosso padrão de comportamento é construído na infância e é com ele que lidamos quando sentimos dificuldade de amadurecer.

Isso acontece porque aprendemos que quando fazemos algo ou deixamos de fazê-lo, recebemos uma resposta do ambiente: nossos pais, irmãos, parentes, amigos, etc.

Então, na nossa vontade de sermos aceitos, aprendemos a corresponder ao que os outros desejam de nós e da “nossa criança” que vive dentro de nós. E, para muitos, este vira o padrão principal de comportamento ao longo da vida.

E eis que o caminho do crescimento pede exatamente o movimento inverso: para amadurecer e para ser o que se é, é necessário tomar atitudes que muitas vezes vão contra aquilo que os outros esperam de nós, abrir mão do que esperam que a gente seja.

E, se precisamos ir contra expectativas e padrões, como poderemos lidar com a falta de pertencimento?

O medo de não pertencer

Bert Hellinger, psicoterapeuta alemão que contribuiu grandemente para o desenvolvimento da Constelação Familiar, observou que o pertencimento é uma das maiores forças psíquicas que atua em nosso inconsciente.

Sempre que sentimos que nosso pertencimento, principalmente ao nosso sistema familiar, está em risco, há uma força (ou um comportamento) que atua para nos levar para um lugar que assegure o nosso lugar no sistema, mesmo que isso custe nossa felicidade.

Este pode ser um dos movimentos que atuam no nosso inconsciente e que impedem nosso caminhar para o amadurecimento. Assim, quando escolhemos um caminho contrário ao que percebemos como o esperado para nós, nosso corpo reage com sentimentos que nos deixam inseguros da direção tomada.

Nós precisamos aprender a dominar esse medo. Esta é uma resposta instintiva do corpo que, como um animal social que somos, deseja permanecer conectado ao grupo ao qual faz parte.

O caminho para o crescimento

Crescemos quando assumimos o preço a pagar pelo amadurecimento. Aceitamos o custo dos novos desafios como pagamento pelo prazer de ser quem verdadeiramente somos, vivendo de uma forma que faz sentido para nós.

Para crescer, é necessário ultrapassar o sentimento de sermos “inocentes”, isto é, de não ir contra a ideia que os outros projetam em nós. A culpa faz parte do processo de amadurecer e, de certa forma, ela é um indicativo de que estamos nos movendo para uma nova direção.

Crescer e amadurecer é caminhar para um sentimento de plenitude e de felicidade. No entanto, isso pode nos causar medo. É importante lembrar do que Hellinger escreveu:

“No problema e na infelicidade temos companhia. O problema e a infelicidade se associam a sentimentos de inocência e de fidelidade. A solução e a felicidade, ao contrário, estão associadas a sentimentos de traição e de culpa.” (Bert Hellinger, Ordens do Amor, pg 25)

Reconhecer os gatilhos do medo e, principalmente, entendê-lo como um sentimento que faz parte do processo de crescimento é uma postura que permite que os primeiros passos na direção do amadurecimento aconteçam.

Esse é um caminho que cada um precisa fazer por si só.

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