Quando não nos sentimos amados: por onde começar nossa cura interior e encontrar a força da vida

“Abrir mão das exigências, reconectar-se com a vida como ela chegou até nós e assumir a responsabilidade pelo nosso presente é o caminho para a cura da nossa alma.”

Recebemos muitas perguntas em nossos canais sobre problemas que as pessoas enfrentam em suas vidas. Uma grande parte delas descreve as dificuldades que surgem por não se sentirem amadas ou porque gostariam de receber mais amor e afeto de seus pais.

É comum sentirmos esse desnível afetivo em alguma fase da nossa vida, onde parece que nossas carências nunca são supridas.

Lamentamos-nos por não sermos compreendidos a amados, e desse movimento transformamos essa carência em exigências direcionadas principalmente a nossos pais e nossas famílias.

Neste artigo, falamos sobre por onde e como começar a cura interior para a encontrar nossa força de vida.

O amor infantil

No processo de amadurecimento, uma das primeiras coisas que percebemos e relutamos em abrir mão é a forma como o afeto chega até a gente.

Se na infância fomos supridos em nossas expectativas de forma abundante (o que é normal e necessário no início da vida) aos poucos os pais vão alterando a forma de troca, para estabelecer novas informações necessárias para o desenvolvimento dos filhos. Bert Hellinger fala sobre isso no seu livro “O Amor do Espírito”:

“O arquétipo da ajuda acontece na relação entre pais e filhos, principalmente entre mãe e filho. Os pais dão, os filhos tomam. Os pais são grandes, superiores e ricos; os filhos pequenos, necessitados e pobres. Entretanto, porque pais e filhos estão ligados por um profundo amor mútuo, o dar e o tomar entre eles pode ser quase ilimitado. Os filhos podem esperar quase tudo de seus pais. Estes estão dispostos a dar quase tudo aos seus filhos. Na relação entre pais e filhos, as expectativas dos filhos e a prontidão dos pais para atendê-las são necessárias, por isso estão em ordem.

Entretanto, estão em ordem enquanto os filhos ainda são pequenos. Com o avançar da idade os pais vão colocando limites aos filhos, com os quais estes podem entrar em atrito, amadurecendo dessa forma.

Ainda que às vezes nos percebemos em movimentos de dores relacionados à nossa família, cabe a cada um de nós entender e aceitar que nossos pais são também imperfeitos, como somos todos. E que também eles foram crianças com carências e dores no processo de crescimento.

A forma que temos para acessar a cura da alma e de nossas carências é parar de exigir deles (e do mundo, por consequência) que nos forneçam mais do possam nos dar.

É necessário aceitar que a vida e nossos pais estão aqui para nos servir com amor dentro do que é necessário para nossa evolução, ainda que por vezes de uma forma que é difícil compreender. Garriga fala da seguinte forma:

“Sabemos que qualquer sofrimento se sustenta sobre boas razões e vem envolvido em argumentos brilhantes. Isso o faz mais vendável, mais justificável. Entretanto, o único sentido do sofrimento, que não é dor, é fazer sofrer os demais.

A solução para o sofrimento é muito simples. Se sabemos que buscamos no lugar inadequado e que isso nos deixa insatisfeitos, talvez possamos corrigir e, finalmente, buscar no lugar adequado, que sempre é com nossos pais e com a integração de nossa história pessoal, ou seja, aprendendo a apreciá-la por mais dolorosa que seja.

Na prática, as dinâmicas familiares e afetivas são muito complexas e sutis e, com frequência, uma crise, a separação, problema com os filhos ou qualquer outro infortúnio costuma ser uma oportunidade para trazer à tona e rever o que é preciso ser recolocado na relação com os pais ou com a família de origem e, com eles, enfrentar os assuntos pendentes.

A Constelação Familiar como possibilidade de compreensão da nossa história familiar

Se temos dificuldade em reconhecer toda a influência que nossos pais têm sobre nós, e se sentimos que isso pode estar segurando nossa caminhada na vida, a Constelação Familiar é um bom caminho para visualizar as dinâmicas e encontrar nosso verdadeiro lugar de filhos dentro da nossa rede familiar.

O momento onde uma pessoa é constelada é de forte conexão com suas raízes e seus antepassados. Se por vezes nosso racional não alcança todas as informações que são abertas pela Constelação, num nível interior percebemos e sentimos tudo. Esse reestabelecimento da conexão é, para muitos, um recomeço e a descoberta destas forças ampliam nosso olhar.

Através da Constelação, percebe-se de forma clara quando uma pessoa está deslocada de seu lugar dentro da família.

Por outro lado, percebemos nos pais a força que sentem quando um filho está em seu lugar, e dali, parte para o mundo.

Vemos a alegria dos sucessos e como todos se penalizam com o fracasso de um membro. Dessa forma, percebemos que o amor da família está além do que é mostrado no dia-a-dia: a alma familiar ama junto, constantemente, de forma clara e igual.

Através deste trabalho é impossível não perceber nosso amor por todos, e o amor de todos por nós.