Talvez você que já ouviu falar sobre as Constelações Familiares de Bert Hellinger ainda se questione se elas “funcionam” mesmo, e por que funcionam.
Sim.
Podemos comprovar os efeitos das Constelações Familiares para dificuldades de fundo sistêmico, isto é, para tudo o que pode ter origem nas interações familiares ou interação entre pessoas de grupos ou organizações.
Hellinger costuma dizer que, onde há pessoas, as leis sistêmicas da Constelação estarão atuando. Logo, podemos olhar para todas as relações humanas a partir das constelações e ganharemos percepções e compreensões totalmente novas.
A constelação traz ao cliente novas informações, que tornam o processo de mudança mais fluido.
Isso acontece pois a Constelação não se preocupa em ser uma construção racional do constelador-cliente. Ao contrário, numa constelação é instigado ao cliente ver e sentir a dinâmica que atua na sua dificuldade.
Através da experiência de uma constelação, a assimilação dessas dinâmicas é mais rápida e, então, o movimento de mudança torna-se melhor embasado, permitindo que as mudanças de atitudes ocorram.
Como funciona?
1) A constelação nos ajuda a ver além do aparente.
Ao colocarmos um tema na Constelação, através da representação dos participantes, podemos perceber as dinâmicas que atuam em nossos relacionamentos e no nosso sistema. Geralmente, essas dinâmicas se revelam diferente do que imaginamos e, embora diferente, reconhecemos o que de fato é assim que entramos em contato com elas.
Em nosso dia-a-dia, muitas vezes dispersos, visualizamos apenas a superfície do que age em nossa vida. A constelação nos ajuda a aprofundar nossa visão e ver as dinâmicas que atuam em nossa vida em sua totalidade.
2) Apresenta uma possibilidade que de outra forma não perceberíamos.
Às vezes o alívio do nosso sistema está na inclusão de um membro que se encontra afastado, ou na honra do destino difícil que se tem em nossa família. A constelação revela, com precisão, onde dentro do nosso sistema está o que necessita de atenção para ser liberado e honrado.
Dessa forma, ao enxergar o verdadeiro sentimento que move as pessoas do nosso sistema, podemos tomar as atitudes necessárias dentro do que nos compete para obter uma mudança que traga mais leveza para a nossa vida.
3) Vemos os problemas e o ser humano por outro olhar.
Comumente caímos na dinâmica do bem e do mal, algo simplista que não consegue abranger toda a complexidade das relações humanas. Em uma Constelação, percebemos o ser humano que está por trás das ações que nos machucam, e vemos que ele também sofre com o que pertence ao seu destino.
Olhamos com amor, nos percebemos como iguais e a aceitação do que ocorre vem com mais facilidade.
Numa constelação nós vemos a realidade, e todas as fantasias que regem nossa percepção infantil são colocadas à prova. Isso é bom. Saímos de uma constelação mais maduros, mais humanos, e mais capazes de entender o que atua em nossa natureza humana.
4) Nos ajuda a detectar sentimentos não processados do nosso sistema.
Ao levar um tema para a constelação e observar as dinâmicas que atuam, é possível chorar a falta de um pai, ou lamentar as mortes de décadas da nossa linhagem.
Ao tocar nesses lugares, o sistema se alivia por liberar grandes cargas emocionais, que não encontram escape de outra maneira. O cliente, ao observar tudo, reconhece e libera as mesmas emoções que se mostram no campo e que muitas vezes podem estar dentro dele (muitos casos de pacientes com tristezas sem explicação lógica ou racional demonstram sentimentos não processados no campo da familiar, que são adotados pelo cliente como se fossem dele). O alívio é visível e torna nosso corpo menos ativado e mais leve para nos acompanhar na vida.
5) Voltamos para o nosso lugar.
A Ordem é uma das leis da vida propostas por Bert Hellinger, o pai da Constelação Familiar. Muitas das nossas dificuldades ocorrem porque transgredimos esta lei.
Ao colocar um tema em campo e com a ajuda dos representantes, podemos perceber nossa transgressão a essa Lei de forma muito clara. A imagem que temos bem em nossa frente é também um mapa, que usamos para voltar a ocupar o nosso verdadeiro lugar de pertencimento. Neste lugar, estamos inseridos no fluxo do nosso destino e, então, o que é nosso pode chegar e nos encontrar.
6) Percebemos o que é nosso e o que não é.
Muitas vezes nossos sofrimentos são resultados de uma lealdade cega, que quer se incluir na dor de um familiar amado, para acompanhá-lo. De forma consciente não percebemos nosso movimento de repetição, e tentamos de várias maneiras resolver o problema, sem sucesso.
Quando identificamos a fonte, então estamos livres para deixar com os outros o que é deles e seguir o nosso caminho com o que nos pertence. Só dessa forma podemos assumir nosso destino e o que nos compete em nosso sistema familiar.
“E qual é a minha parte?”, você deve se perguntar.
Ao cliente cabe ver e sentir as informações, e dessa forma integrá-las para que sejam a base da mudança de comportamento que trará os resultados em sua vida diária. As Constelações Familiares fornecem uma grande força para que possamos seguir no caminho da cura e de volta ao nosso lugar de pertencimento dentro da nossa família. Porém, como dissemos neste texto, não é mágico! É necessário tomar a responsabilidade nas mãos e assumir uma postura de mudança.
O trabalho começa numa Constelação, mas só se implementa em sua vida com sua atitude.
Conclusão
Nesse artigo você pode compreender como as Constelações atuam. Enxergar as dinâmicas em que se está envolvido, liberar cargas emocionais, encontrar um caminho para colocar-se novamente em seu lugar de pertencimento… Esses são alguns aspectos de como funciona a Constelação Familiar.
Porém, assim como você já sabe o que não é Constelação, nada disso verdadeiramente funciona como mágica. O que se mostra em uma Constelação são novas possibilidades e soluções, que para que se concretizem exige primeiramente abertura para enxergar o que se mostra no campo, e posteriormente a atitude pessoal de seguir esse caminho de solução.